O Entrudo Tradicional de Santulhão é uma das manifestações carnavalescas mais genuínas e peculiares de Portugal, mantendo viva uma herança com raízes ancestrais, provavelmente ligadas a rituais pagãos de purificação de origem celta. Aqui, não se fala em Carnaval, mas sim em Entrudo, e a festa assume contornos muito diferentes do resto do país.
Ao longo de vários dias, a aldeia enche-se de música, animação e atividades que vão desde caminhadas e provas gastronómicas, como o tradicional jantar de butelo, a concursos, teatro e desfiles improvisados. No entanto, é a irreverência do cortejo e o tão esperado Julgamento do Entrudo que marcam o auge das celebrações.
Na véspera de Carnaval realiza-se o chamado “Enterro do Entrudo”: um cortejo noturno percorre as ruas com o boneco simbólico deitado numa masseira de pão, coberto por um lençol, como se de um funeral se tratasse, acompanhado por choros fingidos e, por vezes, até por um “padre” caracterizado que profere sermões carregados de humor.
Já no dia grande, os mascarados invadem a aldeia num cortejo carnavalesco que percorre todas as ruas, recolhendo os diferentes “entrudos” construídos pelos moradores e envolvendo-se em verdadeiras batalhas de farinha, uma tradição que em tempos se fazia com cinza das lareiras. O ambiente é de pura algazarra, com todos a participar, desde crianças a idosos, e até quem regressa de longe para não perder a festa.
O momento alto acontece na praça principal, onde o Entrudo, um grande boneco de palha e trapos, muitas vezes com pormenores caricaturais, é levado a julgamento. Um “juiz” lê a sentença, sempre recheada de sátiras e críticas mordazes aos acontecimentos e personagens do ano, arrancando gargalhadas à assistência.
Como manda a tradição, a condenação é sempre a mesma: morte na fogueira. Antes da queima, o boneco é arrastado pelo chão, pontapeado e batido pela juventude, enquanto a farinha continua a voar pelo ar. Quando finalmente arde, no meio de grande alvoroço e risos, simboliza-se a purificação da comunidade e a despedida dos males do ano que passou.
Este Entrudo, com a sua espontaneidade, criatividade e forte espírito comunitário, continua a ser, para muitos, um dos mais autênticos e vibrantes de todo o país, preservando um património cultural que mistura sátira, catarse e alegria coletiva de uma forma única.
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