A Gare Marítima de Alcântara, situada junto ao rio Tejo, em Lisboa, é um dos mais notáveis exemplos da arquitetura modernista portuguesa do século XX. Projetada por Porfírio Pardal Monteiro, foi inaugurada em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, com a chegada do navio Serpa Pinto. O edifício, concebido em betão armado, apresenta linhas sóbrias e funcionais, equilibrando volumes cheios e vazios e estabelecendo uma forte ligação ao rio através do seu terraço coberto, sustentado por colunas, que se prolonga além da fachada principal. Distribuída por dois pisos, a gare dispunha no rés-do-chão de serviços ligados ao embarque e desembarque de passageiros, como alfândega e bagagens, enquanto no primeiro andar oferecia salas de espera, bilheteira, câmbio, correios e um terraço com vista privilegiada sobre o Tejo.
O interior do edifício ganhou especial destaque graças à intervenção artística de Almada Negreiros, que entre 1943 e 1945 pintou oito grandes murais no salão principal, hoje considerados um dos expoentes da arte modernista em edifícios públicos portugueses. Neles se evocam temas ligados à identidade nacional e à tradição marítima, como “Quem nunca viu Lisboa nunca viu coisa boa”, que retrata a vida quotidiana ribeirinha, “Lá vem a Nau Catrineta”, inspirado no poema de Almeida Garrett, ou ainda cenas populares como romarias, piqueniques e lendas como a de D. Fuas Roupinho. Estes painéis não só embelezaram a gare, como também a transformaram num espaço de afirmação cultural e simbólica de Portugal.
Com o passar das décadas, a Gare Marítima de Alcântara perdeu parte da sua função original, mas a sua importância histórica e artística levou a que fosse classificada como Monumento de Interesse Público em 2012. Mais recentemente, os murais de Almada Negreiros, que estiveram em risco, foram alvo de valorização e integrados num centro interpretativo inaugurado no piso térreo, onde se conta a história do edifício, dos murais e do contexto político e artístico em que foram criados. Reconhecida internacionalmente pelo World Monuments Fund como um dos locais de maior relevância cultural em risco de preservação, a gare permanece como um espaço de memória, onde arquitetura e arte se unem para narrar a relação íntima de Lisboa com o rio e com o mar.
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