A Igreja e antigo Convento de Nossa Senhora da Boa-Hora, situado na freguesia da Ajuda, em Lisboa, remonta à segunda metade do século XVIII. Após os estragos do Terramoto de 1755, o conjunto foi reconstruído em 1758 segundo projeto do arquiteto Eugénio dos Santos, seguindo os cânones da arquitetura religiosa pombalina: um barroco sóbrio, de linhas harmoniosas e equilibradas.
O convento desenvolve-se em planta quadrada, com três alas retangulares organizadas em torno de um claustro central. A igreja, de nave única, abre-se para capelas laterais e para a capela-mor, integrando-se de forma coesa na estrutura conventual. A fachada principal, sóbria e imponente, articula dois níveis: no piso térreo, três arcos elegantes conduzem à galilé, antecedida por uma escadaria monumental; no piso superior, destacam-se amplos janelões que reforçam a presença urbana do edifício. O conjunto é coroado por um frontão triangular com painel mariano e pela torre sineira, encimada por cruz, concebida para marcar simbolicamente o espaço público.
No interior, destaca-se a delicada decoração pictórica e azulejar. Os tetos apresentam pinturas em trompe-l’oeil que simulam pedra lavrada, enquanto os azulejos historiados ilustram episódios da vida de Santo Agostinho e dos Evangelistas, num diálogo estético que revela a transição do barroco para o neoclassicismo. Complementam o conjunto obras de Bento Coelho da Silveira e Botovi, além de pinturas de teto atribuídas a José Maria Pereira Júnior.
Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento ganhou novas funções civis: acolheu o Hospital Militar de Belém a partir de 1892 e, mais tarde, foi adaptado a serviços jurídicos e administrativos. A igreja, por sua vez, foi elevada a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Ajuda em 1835, mantendo-se desde então como espaço de culto. Reconstruída quase integralmente na década de 1870, conseguiu preservar a sua coerência arquitetónica original.
Classificada como Monumento de Interesse Público em 2013, e abrangida por Zona Especial de Proteção desde 2017, a Igreja e Convento de Nossa Senhora da Boa-Hora são hoje preservados não apenas pelo seu valor arquitetónico e artístico, mas também pela relevância urbanística e paisagística da sua envolvente. Ver maisVer menos
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